OSHO - Julho 2017



Osho - Julho 2017
Mensagem de 04 de julho de 2017 (publicada em 23 de julho)
Origem francesa – recebida do site Les Transformations


Áudio da Leitura da Mensagem em Português - por Noemia
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Eu sou Osho, e estou no meio de vós com alegria.

...Silêncio...

Acolho cada um  no silêncio do meu coração e na dança da Eternidade.

Oh, eu não vim para fazer grandes discursos. Vim falar-vos, muito, mas muito concreta e praticamente, dum certo número de elementos que vos foram comunicados há vários meses, mas agora adaptados mais especificamente a este período que se vive na terra.

O próprio Arcanjo Anael, aliás, e partirei daqui, vos falou, creio, de aceitar e de aceitação. Eu diria que a aceitação é a consequência lógica do Aqui e Agora, pois estando aqui e agora, não dependeis de nada, nem do passado, nem dum pensamento, duma emoção, duma reacção, duma antecipação. A aceitação é o Aqui Agora e desemboca, naturalmente, no Amor incondicional, no próprio interior da pessoa. Não há lugar para a exclusão nem no Aqui e Agora nem na aceitação. É assim que a transparência mais facilmente se pode manifestar, viver e operar em vós.

Em geral, a aceitação surge quando se compreendem as causas e efeitos de qualquer situação. A aceitação evocada pelo Arcanjo Anael - e que vou pôr em prática para vós - é que, tudo o que se apresenta na tela da vossa consciência que não seja a Verdade, que esteja invertido, falsificado, modificado, amputado, sendo falso, não merece que de tal nos ocupemos, não é? Ocupar-se do seu corpo, sim, ocupar-se da sua saúde, sim, ocupar-se dos seus próximos, sim, mas no processo de aceitação, no Aqui e Agora, quando o coração está presente, tudo é vivido com a mesma intensidade e a mesma felicidade.

É precisamente a recusa ou a adesão que vos paralisa, vos bloqueia. É preciso, efectivamente, ser móvel; aí, estou a falar da vossa consciência. Esta mobilidade faz-se no silêncio e na imobilidade do corpo, é a dança do Espírito. Assim que se empregam palavras, conceitos, torna-se-vos necessário passar a vivê-los, totalmente. É fazer a experiência. É tentar - perante alguma coisa perturbadora, a que vos oponhais, que rejeiteis -, aceitá-la, mesmo se a vossa pessoa o acha intolerável. Aceitar, sobretudo quando é intolerável e, sobretudo - diria -, no vosso círculo quotidiano. Não estamos aqui no campo dos conceitos, não estamos aqui no campo das ideias, dos pensamentos, estamos na realidade da vossa vivência.

Quem quer ser leve, quem não quer ser afectado por qualquer resistência que seja, quem não quer ver ocultados os seus sentidos ou ver manifestados, de forma notória, os seus vasos sanguíneos, corações, cérebros, precisa de ser leve, então. A leveza, a disponibilidade resultam duma colocação da consciência, é sabido. Se optastes suficientemente pela recusa, se vistes mesmo uma parcela da Ilusão, se seguistes todos os processos que havia que viver, mesmo sem os viver, escutando-os, simplesmente, lendo-os, mesmo sem os ter vivido até hoje, digo-vos: bem-aventurados os simples de espírito e bem-aventurados os simples em energia e em vibração. Sois os que mais próximos estão da Verdade, hoje. Basta aquiescer, basta, perante qualquer acontecimento que surja na vossa vida, permanecer na imobilidade e no silêncio para que a vossa consciência dance com evidência a dança da Vida e siga todos os movimentos permanecendo imóvel.

Recordais o que quereis defender no seio da Ilusão? O que é que há a provar no seio da Ilusão? Claro que há regras que estão ligadas à vida em si, à organização da vida. Esta é vista como falsa, falsificada, alterada, sem valor algum. Aquilo que tem dentro um valor é a Vida, não a vossa vida, mas a Vida. Então, de algum modo, é-vos pedido que vos torneis Vida mais do que sejais a vossa vida. Claro que, ao nível da pessoa, isso é intolerável, é mesmo uma tortura. Os vossos próprios hábitos, como foi explicado, são um inconveniente maior à Liberdade interior, quaisquer que eles sejam. Sejam hábitos espirituais, sejam hábitos puramente rotineiros, aliás. Acabai com isso. Segui a evidência, a facilidade. Segui o que vos parece mais leve e não o que é desejado. Para isso, claro, convém nada projectar. Convém que não se antecipe nenhum resultado. É preciso que se esteja na totalidade aqui, no coração, no instante presente, na aceitação, no Aqui e Agora. 

E isso é válido não apenas enquanto preceito espiritual, mas, sobretudo, hoje, através das três vias que se vos oferecem. Evidentemente, como é de supor, há uma via que é mais agradável, que é a via da Alegria, há uma via muito angustiante, sobretudo agora, que é a via do sofrimento, e há uma via desconcertante, que é a via dos véus, como creio que foi chamada, isto é, o momento em que os sentidos deixam de funcionar. Cabe-vos escolher, se assim posso dizer, mas a única escolha possível e verdadeira, em definitivo, uma vez que duas vias apenas são a tradução da vossa não-colocação na aceitação ... é a que não aceitais. No íntimo da vossa personagem e da vossa história vivida, não aceitais marido, mulher, situação, fim do mundo, Não aceitais que o fim do mundo não tenha ocorrido ou venha a ocorrer. Não aceitais o vosso destino, a vossa saúde.

É preciso aceitar, evidentemente, porque é a partir do instante em que vos aceitais hoje - não vos teria dito isto quando estava vivo - se aceitais, fica provado que todo o lugar é deixado à Luz e a nada mais. Fica-se leve, aliviado, sem cadeias em relação a hábitos que, todavia, eram vistos como realmente fundamentais para manter a saúde, a homeostasia, a normalidade. Mas quem vos disse que o Amor era normal?

O Amor é estar em vida, é aceitar - sem qualquer condição - tudo o que se apresenta. Isso diz respeito à pessoa. Mas, agindo a nível da pessoa, como saber que não se é a pessoa? Então, que todos os ritmos sejam quebrados, todos os hábitos; é fazer a experiência. Que se obedeça, mas não às regras, às leis por vós impostas e que aí estão, mesmo sem serem vistas, aos vossos automatismos, creio que é assim que isso se chama. Aceitai o novo, o imprevisto, o imprevisível, o inesperado e assim se verá o que acontece. Que sejamos esquecidos, nós até, os Anciãos, estes velhotes retorcidos, é esquecer os Arcanjos, é esquecer tudo. Sede novos e virgens em tudo. Que o vosso momento do instante presente não tenha a cor de nenhum outro momento.

"Aceitar" é verdadeiramente uma palavra bem grande dita pelo Arcanjo Anael. Porque, assim como o Abandono à Luz era difícil de explicar, assim a aceitação não é assunto de discussão. Aceitar não quer dizer deixar-se pisar. Aceitar quer dizer ser verdadeiro, e é dizer e ver pela experiência que, quando se aceita, mesmo aquilo que parece desagradável e impossível se resolverá, não por vossa vontade, mas pela própria Luz. A vossa confiança vai para a Luz que sois e para a Luz que existe ou para este mundo? A vossa confiança vai para a vossa vida ou para a Vida? São perceptíveis as diferenças? Vivei-as. Nada de preocupações com outra coisa que não seja este instante presente. Que se esqueçam o fim dos tempos, que se esqueçam as eleições, que se esqueçam todas as coisas. Esquecer não quer dizer não ver, esquecer não quer dizer ficar preso àquilo que se passa. Ficai na imobilidade e no silêncio do coração, lá onde a Vida dança, lá onde sois a Vida e onde já não sois a vossa vida. 

Claro que, nesse caso, se não conheceis e não viveis pelo coração, o que é a Vida para vós, senão a vossa vida? Mas estar em Vida, não é a vossa vida. Estar em Vida é celebrar a Vida e não a vossa, com vantagens e inconvenientes. É deixar de estar identificado com qualquer história que seja. É estar disponível para o Amor, disponível no presente, disponível a cada instante; é ter confiança total na Luz. Porque assim se mostra que realmente se passa ao sacrifício consciente e lúcido, não da vossa personagem, mas da vossa consciência efémera. Claro que tal se traduzirá a nível do corpo, da vida, mas isso será uma libertação. Não haverá sofrimento, não haverá véu, nada mais haverá para além da possibilidade da Alegria. É simples, como se vê. Mas sereis capazes de o aceitar? Como eu aceitei, aliás, na minha última encarnação, que me envenenassem com radiações. Eu podia muito bem não me ter deitado em tal cama. Aceitei. E se soubésseis a felicidade que foi!

Assim é o fim. O fim é Liberdade, a morte é o verdadeiro começo. Aqui, estais mortos, completamente mortos. Amputados, não a 10% mas a 90% daquilo que sois. Nós estamos encerrados nas formas. Não podemos escapar a esta forma como nos mundos livres, somos obrigados a jogar o jogo sem nada compreender, aplicando as leis deste mundo e as falsas leis da espiritualidade. Sois vós a Vida? Quereis ser a Vida? Então, há que esquecer a vossa pessoa. Ao aceitar, haveis de ver. Eu encarrego-me do serviço pós-venda, se for esse o caso. 

Mas como dizia o vosso - aliás, também meu - amigo Bidi, é muito simples: não sois essa pessoa. Não jogueis o jogo dessa pessoa, jogai o jogo da Eternidade. Era por isso, ademais, que, em vida, eu sempre arranjava cerimoniais para quebrar a rotina. Eu era, como se diz? ... um excêntrico, é assim mesmo que me chamam os Anciãos. Qual é a melhor forma de quebrar os códigos do aprisionamento que não seja ser excêntrico, não seguir a moda, não seguir vizinhos, não seguir ninguém? Deixar-se levar pela Vida não quer dizer não ser responsável; é, antes, ser totalmente responsável. Porque na responsabilidade, na qual não há regras interiores, não há hábitos, está-se disponível. Todas as outras alegrias, tal como as vossas experiências mostraram, não são duradouras. Um dia vive-se em alegria, faz-se a experiência da Graça, e depois, isso desaparece.

Quando eu estava encarnado, disse que nada podia ser rígido, que tudo deve mudar, que tudo é mudança, tudo é movimento. Mas para viver este movimento perfeito da Vida, é preciso ficar imóvel no íntimo da pessoa, não ter projectos. Claro que é possível ter um projecto: só que, estabelecido o projecto, ocorrido o encontro, é esquecer. Não fixeis a vossa consciência num objectivo. Quando se trata dum objectivo material, sim: para férias, estudos, o que for, mas não para o que sois, sem isso ficareis submetidos ao que foi criado.

No momento em que a co-criação consciente do Feminino sagrado se revela cada vez mais, no momento em que a Verdade resplandece aos vosso olhos, para vós como para qualquer um, notai que o mais sensato e o mais simples é aceitar. Claro que, naturalmente, cada um se mostra diferente perante o que ocorre e, aliás, como foi perfeitamente explicado, há três vias. São vias temporárias, caminhos utilizados dum ponto a outro, o que vai do dia de hoje ou dos dias recentemente passados até ao fim do vosso mês de Julho.

Aceitar é a melhor coisa a fazer para se poder decidir viver em Liberdade. Uma vez mais, aceitar não quer dizer negligenciar as necessidades, sejam quais forem, mas pegar nelas com leveza de modo a reenquadrar verdadeiramente este instante presente, este Aqui e Agora.

É preciso arranjar tempo que baste para a vossa pessoa. Este tempo que baste não se apresenta necessariamente como prazer: é ter tempo para não fazer nada, para ser mandrião. Não para meditar ou ficar alinhado, mesmo que isso ainda seja útil, se assim posso dizer, mas a coisa mais útil agora é a mandriice. Ah, claro que há quem vá contestar estas palavras. Que falta de responsabilidade! Mas não, é a maior das responsabilidades isso de ser mandrião. Ser mandrião não significa estar inactivo. Ser mandrião quer apenas dizer estar no Aqui e no Agora. Porque nada há a fazer, em definitivo; o que sois já é perfeito. É a vossa pessoa que é imperfeita. Assim, é vossa intenção melhorar a vossa pessoa, a vossa história, a vossa personagem, ou estar em Vida, viver a Vida em vez da vossa vida, o que traz todas as satisfações, bem mais do que tudo o que se possa conquistar neste mundo? É verificar.

Tudo é divertimento, tudo é jogo, mesmo o sofrimento. Claro que, do ponto de vista da pessoa, concebo que não tenha o vosso acordo e é evidente que não estava à espera dele no interior da vossa pessoa, mas a vossa eternidade, essa, está de acordo. Ora, naturalmente, muitos de entre vós passaram por desaparecimentos, por deslocalizações, e agora, pela via do véu, pela via do sofrimento. Não chega de jogar o jogo deste mundo?

Eu sou um revolucionário, é sabido. E agora, que as condições são propícias, é escusado contar comigo para vos falar dos Elementos que represento. Eu vim para vos insuflar a sede de Liberdade. Quereis ser livres? Não há liberdade possível neste mundo, é sabido. Estais cada vez mais aprisionados, cada vez mais controlados. Para onde fugir? Para uma gruta longínqua, numa ilha? Não, para dentro de vós, já que tudo está em vós. Verificai-o, sede mandriões, aceitai. HIC et NUNC - AQUI e AGORA. Tornai-vos leves. Claro que há obrigações, mas nada vos impede de ter leveza. A obrigação não deve tornar-vos pesados. Essas obrigações, inclusivamente, como se vê, estão a ficar limitadas a uma ténue película. Em todo o caso, aqui no Ocidente ainda é preciso comer, ter conforto. É aproveitar bem.

Sede mandriões; a aceitação virá por si. Ocupai-vos do que há a fazer, mas, mesmo ocupados, deixai de lado o sério. Sede leves, alegres, mesmo que as circunstâncias não sejam de forma alguma alegres - e, sobretudo, se elas o não são. Porque, ao recusar, recusais a Vida. É preciso ter em conta o seguinte: falais de Amor, vibrais e, depois, alguns de vós recusam a vida que têm porque estão à espera do fim, porque têm medo do amanhã, porque têm problemas no casal, porque têm problemas com os filhos. Sede leves, não há volta a dar que não seja em leveza. Ou sois densos ou leves. Ou a vossa alma existe, e vos puxará cada vez mais para a matéria, ou ela se reverteu e vos aligeira cada vez mais. É um mecanismo puramente mecânico. Não é quântico, não se trata de consciência, esta é a verdade.

Além disso, os que estão na alegria, como se constata, tornam-se leves. São leves, despreocupados, mesmo quando têm, e, sobretudo quando têm, assuntos a resolver. A despreocupação permite resolver problemas. Esta despreocupação é a aceitação, é o Aqui e Agora, não existe outra liberdade. Se pretendeis e arranjais pretextos para ficardes livres com o fim do mundo, estais tremendamente enganados. Sereis libertados, isso é certo. É um dado adquirido, uma certeza, mas lembro-vos que há uns apertozitos a passar. Por isso, o melhor é ser leve agora, enquanto os problemas ainda não se fazem sentir ou apenas dizem respeito à vossa pessoa, ao vosso corpo, à vossa vida. Sede a Vida, total e inteiramente, sem escrúpulos, sem remorsos. Libertos. Libertar-se não quer dizer cortar com o que vos torna pesados, seja um marido ou uma mulher, por mais odiosos que sejam, seja um filho, uma condição social terrível ou a mais confortável que seja, é igual.

Aliás, como se pode ver, quanto mais possuís, quanto maior a abastança, mais pesado se torna, mesmo com toda a leveza possível, porque há a obrigação de gerir, de decidir, de escolher. Bem-aventurados os simples de espírito, talvez isto tenha sido esquecido. Bem-aventuradas as crianças porque delas é o Reino dos Céus.

Por isso, vou dizer-vos: o melhor conselho em relação a isto - não é uma técnica -  é que vos ocupeis simplesmente de vós. Mas de vós, não na pessoa, tratando do vosso jardim interior, dançando a Vida. Não é possível suavizar o que é pesado, apenas é possível conferir-lhe suavidade e leveza e então o peso desaparecerá por si próprio. Não vamos imaginar que há uma escala que vai do que é pesado ao que é leve; há um e outro, como se sabe, e cada vez mais será assim - e cada vez mais é mesmo assim. É a lei do tudo ou nada, Amor ou medo, Amor ou sofrimento, peso ou leveza, doença ou bem-estar, véu ou claridade. Poderia ir até ao infinito.

Como se vê, não há necessidade de conceitos agora, nem de Portas, nem de Estrelas, nem de Anciãos, nem de mim nem do que quer que seja. É aceitar e verificar por vós próprios. A Vida é-vos oferecida em abundância. E, na crença de que a vida está limitada por um nascimento e uma morte e por mortes e renascimentos, vão chegar os problemas porque tudo isso vai desaparecer, com risco de que a Liberdade vos meta medo. Vem daí a vossa rigidez, os vossos hábitos porque, em suma, a Liberdade mete-vos medo. Atentai nisto: não há outro obstáculo. Medo ou Amor, dizia o nosso Comendador. Digo-vos eu: densidade ou leveza; digo-vos eu: Alegria ou sofrimento.

A Verdade é alegre, o que é uma boa notícia. Não sois o que viveis, cada vez mais se sabe disso, qualquer que seja a respectiva abordagem experienciada. Então, o que é que vos falta, quando têm os véus? O que é que vos falta, quando estão em sofrimento? Pois bem, é essa Via da Infância, a espontaneidade, o que vos falta. Isso quer dizer que, algures, há demasiada reflexão, que pensais demasiado na vossa história, na vossa ou na do fim dos tempos, no vosso passado, naquilo que os outros possam dizer. Só não pensais o bastante em vós próprios. Sede egoístas. Não na essência da pessoa mas no coração, desse egoísmo que dá o coração a toda a gente como o mais precioso dos tesouros que nunca se esgota. Nisso está a dança da Vida. Todo o resto vem por acréscimo, sem qualquer problema. Se estais em carência, não mais vivereis a carência; se demasiado densos, ficareis menos densos, mas nada mais haverá a decidir.

Sede a Vida e o resto virá por acréscimo. Vejamos, eu não tenho, quanto a mim, de vos levar a pôr as mãos aqui ou ali ou a fazer determinada coisa, o que eu peço é que sejais mandriões. Sendo muito mandriões, sereis mais leves porque estareis necessariamente no Aqui e Agora. Aliás, isso já é do vosso conhecimento sem que de tal vos deis conta. O tempo passa cada vez mais depressa, tão depressa que seria impossível contar os minutos, as horas. Uma hora passa num minuto. É uma realidade, da consciência, não do relógio e, todavia, é o que é vivido. Quer isto dizer que o tempo não significa grande coisa. Significa, sim, por uma questão de organização. Para apanhar um comboio, não se pode dizer - caso ele seja às 19 horas, e que chegueis atrasados, que não tem importância. Perdeu-se o comboio, é o que é. Mas se não quiserdes perder a Eternidade, o que, aliás, é impossível, é preciso ser mandrião. Trabalhar em modo mandrião não quer dizer fazer o menos possível, necessariamente, antes considerar isso como uma brincadeira e não como uma obrigação.

A Luz propõe-vos agora um descondicionamento de tudo o que não é verdadeiro: a vossa pessoa, claro, os vossos hábitos, as vossas vidas passadas e o futuro. Se se fica à espera do fim dos tempos para viver a Vida, será preciso enfrentrar a vossa própria dureza para convosco próprios, os vossos quadros de referência, a vossa rigidez, presente desde o instante em que é seguido um protocolo, um ritual, um horário, convenções de qualquer ordem. Claro que isso é necessário para a organização da vida neste mundo, mas tendes a certeza de pertencer ainda a este mundo? É uma questão a ver. Claro que há tarefas a cumprir, crianças a educar, famílias a sustentar. Mas estais a ver a personagem que se agita? Isso é ser testemunha, observador. Isto é visto por todos, em diferentes graus.

Mas, por outro lado, o que não é visto é aquilo que vos é de tal modo habitual que é considerado adquirido, e isso diz essencialmente respeito à noção de tempo, de horários, de rituais inutilmente assumidos, porque todo o ritual é limitador. Bom, é claro que há rituais que vos foram propostos como sendo, e disso há provas, na vossa própria vivência, para vos fazer aproximar dessa Liberdade. Mas cada um só pode ser livre por si. E vós não dependeis de nenhuma circunstância, de nenhuma incapacidade, de nenhum futuro e de nenhum passado para lá chegar. Porque, estando dependentes dum passado ou duma antecipação dum futuro qualquer, por mais venturoso ou detestável que seja, estais a correr atrás da Liberdade e correis no exterior de vós, na balbúrdia e no movimento, que não é uma dança, que mais não é do que a necessidade de hábitos, a necessidade de certezas. Mas bem sabeis que o Amor não é nem certeza nem uma coisa que se possa viver neste mundo.

Ah, sim, pode-se viver o amor romântico, o amor sentimental, fazer amor... Mas isso são paliativos, sucedâneos que não têm qualquer espécie de realidade. Toda a gente sabe que o amor passa, ou pela morte, ou pelo divórcio, ou porque os filhos saem de casa, porque se entrou na reforma e o amor pela profissão acaba por se extinguir... Nesse caso, porque esperar para vos alimentardes daquilo que sois? Passa-se o mesmo com a Luz. Muitos Anciãos vos disseram e repetiram e matraquearam que tudo estava no vosso interior. Não são precisos conhecimentos, isso também vos foi suficientemente explicado. Não são precisos modelos, nem tradições, nem antecedentes. Nem sequer vos fazem realmente falta exemplos, nem mestres e ainda menos estes velhotes retorcidos que somos.

É preciso que sejais vós próprios. Tudo aquilo que vos propusemos, enfim, não eu, tinha por fim fazer com que vos encontrásseis convosco próprios e levar-vos a compreender, diria eu, uma forma de auto-suficiência de Luz. E, aliás, alguns de vós vivem a via da Alegria e vêem por si próprios que nenhum hábito se pode manter, seja de sono, de alimentos, de humor. Aquele que pretende estar no Amor e estar o tempo todo e em permanência no mesmo estado de humor não é honesto. Faz batota, já que a vida é movimento, pois que a vida é dança. Ora, já não é possível fazer batota, mesmo que em relação a qualquer coisa que é inconsciente e simplesmente ligada a um hábito, porque a chamada à ordem da Luz - isso é vivido por vós - é cada vez mais sensível. Não é a Luz que faz isso, é o vosso não-reconhecimento da Luz.

Nada mais há a esconder. Deixai emergir, tanto no vosso interior como no exterior, a Verdade que sois, sem tomar partido, sem reflectir, com a maior das espontaneidades, e depressa constatareis, durante este mês de Julho, que tudo de resolve. Ah, também se pode resolver com a morte da pessoa. Por certo, se foi a via do sofrimento que foi escolhida. Que importância tem isso perante a Eternidade que sois? Ah, sim, é muito importante para a sociedade, não morrer, viver o máximo de tempo possível, ter uma vida gratificante, mas o que é que se sabe da vida do outro lado quando nunca se lá foi? Porque é que, na vossa opinião, muitas das irmãs Estrelas que vos explicaram o seu caminho, tiveram essas vidas, de sacrifício total, ao desposarem Cristo? Seriam masoquistas, essas irmãs? Ou estavam enganadas? Há suficientes testemunhos, tanto no Ocidente como no Oriente, de seres que foram a própria bondade, a Alegria, a Liberdade. 

De que negócios pretendeis ocupar-vos? Quais são os vossos objectivos, agora mesmo, neste instante, imediatamente? Esse objectivo é visto como qualquer coisa que é preciso conseguir, conquistar, ou é vossa intenção largar tudo no presente instante e ver o que se passa? Se nada se passar, nada foi largado, é um álibi. Porque vos garanto que hoje, e quanto mais dias passarem, seja com as Teofanias seja com os acontecimentos que ocorrem na terra ou no céu, não haverá outra oportunidade para largar tudo, crenças e certezas. Mais uma vez, eu não disse que o vosso dinheiro era para distribuir ou que vos separásseis de quem quer que fosse. 

No Amor nada há a resolver, na pessoa há coisas a resolver permanentemente. E se há coisas para resolver, o que é que isso quer dizer? Quer dizer que há ainda uma pessoa por aí. O verdadeiro Liberto, mesmo que saiba que tem de se ocupar do seu veículo, pode muito bem aceitar a morte e o sofrimento, porque não sofre. Ele sabe que há sofrimento, mas não sofre. Por isso, quando há véus, é profundamente diferente porque, aí, trata-se duma ocultação da consciência. Quer isto dizer que são tais os vossos hábitos espirituais que vos é impossível separar-vos deles. Estais presos às vossas certezas intelectuais e às vossas experiências, no karma, nas vidas futuras, em protocolos e exercícios; espiritualmente presos.

Sois Luz. Mas não podeis estar presos e ser Luz. Se estais presos, isso quer dizer que ides buscar a vossa provisão de Luz algures que não em vós; estais, portanto, no jogo das aparências, desta vez, espirituais. É preciso compreender bem que não se pode viver o Amor no sofrimento. A via do sofrimento coloca-vos precisamente perante o desconhecido, quando o sofrimento se torna tal que só o Amor o pode substituir. Trata-se de resiliência. A nível espiritual, é a mesma palavra. Mas isso não se vê, sobretudo quando se sofre. Há sempre alguma coisa a que vos agarrais: se não é à vossa pessoa, é à Luz. Mas não podeis agarrar-vos àquilo que sois, atenção. E se sofreis, tudo daí decorre.

Ah, tendes talvez bom coração, vivestes a Graça, as vibrações, estais libertos. E, no entanto, o que é que se passa? A Vida não se vos tornou visível e, algures, foi rejeitada, mesmo não estando vós neste mundo e tudo tendo feito para não continuar neste mundo nem dele depender, sem ter mais obrigações, familiares ou profissionais, e constatais que há irmãos e irmãs que continuam tristes e permanentemente sofredores. Eles não aceitaram a Vida. Criaram condições exteriores propícias, como foi dito durante as Núpcias Celestes, mas já não se está nessa época.

O marcador indelével da Verdade é a Alegria, e o instante presente, e a aceitação. Sem isso sois falsos e dais passos em falso, mesmo vibrando. Bom, mas é certo que, no momento tão temido ou tão esperado, sereis livres, é uma certeza. Mas o que é que há para atravessar entre este momento e esse evento cuja data ninguém conhece? É suposto viver a Vida para ver que a Vida ilumina a vossa vida ou conquistar a Vida com a vossa vida? É que é profundamente diferente. Num caso há movimento, nesse caso há sofrimento, no outro há apenas Alegria e beatitude, aconteça o que acontecer, faça o marido o que fizer, faça o filho o que fizer, façam os impostos o que calhar, faça o que fizer o vosso corpo.

O sofrimento não é uma punição da Luz, é o resultado das vossas resistências. É preciso não esquecer que, neste mundo, tudo está totalmente invertido, mesmo o que se chama karma. A começar, se isso vos interessa, pelo facto de se escolher sempre um pai que nos matou. Ele é que tem o karma, mas o Amor faz com que encarneis nessa situação para lhe dar a possibilidade de o resolver. E foram os Arcontes que vos convenceram disso. 

É tão grande a vossa sensibilidade à forma, às aparências, ao conforto! Há alguma Liberdade nisso? Há Alegria nisso? A única Alegria é o coração. Ela não depende de nenhuma circunstância deste mundo, porque se dependesse duma qualquer circunstância deste mundo ou da vossa vida, não constituiria a Verdade. Seria ainda uma ilusão e qualquer coisa de enviesado, de falsificado. A Alegria do coração não se conquista, vive-se, pela aceitação, pelo instante presente, por tudo o que vos foi dado e explicado em teoria, com palavras simples, mesmo que expressas nas línguas mais sagradas, permito-me dizer. Mas isso não tem qualquer importância.

Quanto mais espontâneos, mais aptos estais a acolher a Vida, mais verdadeiros sois, seja o que for que haja a resolver - a resolver na aparência, porque a resolução não é vossa. Estando no coração, é a Alegria que resolve, real e concretamente, porque, em verdadeira alegria, se aceitais plenamente a Vida, estais em Vida e já não sois a vossa vida. É uma diferença de vivência que eu sei lá! Então, nada de ir nessa conversa. Mesmo tendo vivido a Onda de Vida, mesmo tendo vivido o Fogo do Coração, o Fogo Ígneo, por todos os lados, atentai na vossa vida, atentai na vossa alegria. 

O problema é que, recusando o que quer que seja deste mundo, isso fica excluído. Deixa de estar em vós e a Alegria também não pode lá estar. Não se pode excluir nada: nem Deus nem o diabo, nem o vosso pior inimigo, porque, se Judas não tivesse existido, Jesus não teria morrido na cruz e ressuscitado. Logo, vê-se bem que Judas é tão importante como João, até mais importante. Ele teve um papel muito delicado, o de trair. Claro que, sob o ponto de vista da pessoa, vou ouvir-vos dizer: "Isso é patético!". E eu digo-vos que nada conheceis da Verdade. O vosso pior inimigo é a vossa melhor ajuda e, se alguma coisa for rejeitada, não podeis ser a Vida, permanecereis na vossa vida que não é Amor.

Mesmo que satisfeitos a todos os níveis, falta-vos alguma coisa e essa falta o que é?... resistências, véus. Isso é que dói, é que vos priva de Alegria. Uma vez compreendido isto, há que recusá-lo. Provai-o a vós próprios. Sois Luz, não lhe rogueis nada. Uma vez na aceitação, a Luz ocupar-se-á, para lá do vosso mais ínfimo desejo, de tudo o que é necessário para vos manter na Alegria. Ah, claro, ninguém pode estar feliz quando se trata de certas privações, mas há que ver para lá da satisfação imediata.

É certo que o Comendador vos falou de Amor ou medo. Por mim, digo-vos: Vida ou sofrimento. Não é a bolsa ou a vida. Entregai tudo o que é ilusório, tudo o que mais não faz do que passar, entregai-o à Vida. Como mostrar de outro modo confiança - na Eternidade, não nesta vida? Vou ouvir que, neste mundo, é preciso ser assim, e assado, que há obrigações, encargos, coisas a pagar... Se tal for dito, é porque nada foi compreendido e o vosso ego faz tudo para vos impedir de ver a Vida. Querendo ou não, é a verdade. A que é que é dado corpo? A que é que é dada vida? O que é que é criado? Não podeis acusar ninguém, mesmo que haja, à partida, uma anomalia que é o aprisionamento. Mas mesmo no seio deste mundo onde prevalece o livre-arbítrio, a acção e reacção, quereis estar na acção e reacção ou na Vida?

A Luz vai tornar-se cada vez mais insistente, porque está cada vez mais presente e ilumina cada vez mais a vossa personagem de pacotilha que mais não faz do que passar. Vós não passareis nunca. Marido, mulher, filhos, trabalho passarão. Vós não passareis nunca. Isto é muito rápido, vê-se, por isso nada de perder tempo, a Eternidade está aí para isso, mas sede o que sois e estareis na dança da Vida. 

O observador, ou testemunha, como foi chamado, será magnificado e vereis a Verdade. Havereis de a viver, aliás, porque jamais sereis a vossa vida mas a Vida. Não há outra forma ou condição para viver a Alegria. Isso é visível, aliás. Há irmãos e irmãs que viveram todas as vibrações, as Coroas, a ignição das Portas, a Onda de Vida, até lá acima. E não estão felizes. E porque é que não estão felizes? Só porque não compreenderam que eram a Vida e que, de alguma maneira, têm hábitos, comportamentos que fazem com que estejam em rejeição. Mas sendo a Vida, nada deveis rejeitar, sobretudo a experiência vivida no seio deste mundo, mesmo que falsa. Porque sempre sereis a Vida, mesmo aqui, mesmo que isso tenha sido esquecido, mesmo que isso já não se possa ver. Pois que, se não houver Vida, não podereis viver vida nenhuma que vos pertença nem fazer qualquer experiência.

Então, que cresça a Alegria, que cresça a criança interior, que cresça e se expanda a Vida.

E quando Bidi falava de ponto de vista, era disso exactamente que se tratava. Qual é o vosso ponto de vista sobre a vossa vida, sobre a Vida, sobre os vossos sofrimentos, as vossas dores, os vossos afectos? Isso provoca emoções, distorções ou leveza? Apenas sereis leves quando deixardes de ser a vossa vida e quando a vossa vida tiver sido aceite sabendo que não sois a vossa vida. Nada podeis rejeitar da vida, senão não estais na Vida, estais na pessoa.

Por isso, agora que a Alegria invade à vossa volta irmãos e irmãs em número cada vez mais significativo, porquê continuar a resistir, a sofrer, a colocar véus? Passa-se isso em vossas casas, possivelmente, com marido, mulher, filhos, amigos, irmãos e irmãs espirituais, na vossa família. O que é que vos impede de ser como eles? Não há condição neste mundo que vos possa impedir, nem doenças do corpo, nem problemas psicológicos, nem a carência nem a plenitude. Não há nenhum obstáculo. Todos os  obstáculos são criados por automatismos, agora, e pelas adesões espirituais às leis deste mundo. Não há nada para além disso. Nada há a pagar, apenas a Graça existe. Então, se não estais em estado de Graça, isso significa que não sois verdadeiros.

As Teofanias, as que passaram e as que hão-de vir, permitiram a muitos descobrir o observador e compreender que não éreis o vivido no seio do efémero. Então, o que fizeram, pois, muitos de entre vós? Procuraram convencer o outro a partilhar a sua vivência e foram mandados de volta secamente; era de crer. Aqueles que não estão em Vida, que apenas vivem a sua vida, não podem viver a Vida. É impossível. E o mesmo se passa convosco. E quando viveis a Vida, sois confiantes. Nem se trata só de fé, é uma certeza inabalável, aconteça o que acontecer na vossa vida. Já viveis na Eternidade. É este o caminho mostrado pelas irmãs Estrelas, é o caminho que viveram alguns Anciãos, é o caminho que eu vivi.

Isto não está em nenhum livro. Não necessita de nenhum antecedente ou preliminar. Isto apenas precisa de vós - mas não na vossa vida, não na vossa pessoa - de vós na Vida, no Amor, na espontaneidade, na Infância, na aceitação do Aqui e Agora. Porque, quando vos acontece qualquer coisa, mesmo se é clara a causalidade neste mundo ou noutras vidas, não é possível saber a Verdade, se aderirdes a isso. Mesmo que tal funcione, mesmo que seja lógico. O Amor não tem lógica nenhuma. O Amor é Inteligência e Inteligência é Liberdade. É a confiança, é a espontaneidade, é a co-criação consciente, é o Verbo, é o Amor. Em suma, é a Vida, mas não é, de modo nenhum, a vossa vida.

Então, sois portadores de Alegria? É vossa decisão continuar em alegria? Oh!, é uma decisão muito simples, mas bastante perturbadora e difícil de ver para o ego, para a pessoa. É por isso, aliás, que muitos Anciãos, Estrelas, Arcanjos vos têm vindo a falar desta Alegria mais do que da vibração, presentemente. Isto porque alguns de vós dão importância às suas vibrações, estão um pouco demasiado presos à vibração, mais do que à Vida. Também vai sendo tempo, agora, de libertar a própria consciência, sem preocupações com as vibrações percebidas, sentidas, vividas ou não. Não é caso para chorar se não as viveis, não é razão para glórias se as viveis, porque, se estais ocupados a ficar no desgosto de não as viver, ou ocupados a vibrar, não podeis ser a Vida, porque tudo o resto foi por vós excluído.

Tende o coração duma criança. Ficai disponíveis para o jogo da Vida, faça-vos ela viver o que quer que seja; sobretudo se isso vos parece injusto e injustificado. Convém lembrar que, na pessoa, há estratagemas, há circuitos de consciência e de energia que apenas existem para vos impedir de ver a Verdade. Tudo o que aparece na tela dos vossos olhos é feito apenas para vos distrair. Todos os temores, todas as guerras não passam de distracções para vos impedir de ver a Verdade. Mesmo todos os prazeres, até os mais inauditos, seja o sexo, seja a satisfação profissional, os encontros amorosos, tudo isso apenas existe para vos mascarar o essencial: a verdade da Vida. E, entretanto, todos nós fomos caindo no interior em vez de cair no coração. 

Aceitai. Como disse o Arcanjo Anael, sede verdadeiros e espontâneos. Não vos coloqueis nenhuma questão. Ficai totalmente presentes no instante que há que viver, e que isso ocorra através do que é sentido pelo corpo e, sobretudo, em Alegria. Não é possível decidir quanto à Alegria, esta Alegria, em todo o caso; ela apenas se pode ver, constatar, ou não. Apenas se podem constatar as modificações que a Alegria produz. Seja ela chamada Paz, serenidade, êxtase, intase, Shantinilaya, Morada de Paz Suprema, Si, supra-mental... É preciso esquecer as palavras, esquecer os conceitos, esquecer os conhecimentos. Acolhei e, sobretudo, aceitai, e vereis. 

Ora bem, tentei empregar palavras extremamente simples e que giram sempre à volta da mesma coisa. Foi pretendido. Porque é evidente. Se não for vivido, parece muito complicado. Submetidos às influências deste mundo, submetidos ao sofrimento do vosso corpo, submetidos à pessoa, não vos resta qualquer espaço de liberdade, por mais notórios que sejam os vossos esforços. O Amor não é esforço, é abandono, é a Vida. A Vida não pessoal, a Vida que não conhece história, a Vida que não conhece dimensões - mesmo que possa explorar todas as dimensões-, que não está presa a nada e que ama, na Liberdade. Veja-se o número de irmãos, de irmãs, mesmo despertos, que falam de Amor mas que são incapazes de amar. 

Aliás, estamos a começar a vê-lo. O Amor nunca é posse nem predação, é Liberdade. É tornar o outro livre, totalmente livre. Livre, até, de vos esbofetear, de partir. Sem isso, não é amar, é estar na posse. A Liberdade, o Amor, é querer que o outro seja tão livre como vós e, se quiser partir, a liberdade é dele. Em nome de quê se determinaria a liberdade do outro? Recorde-se: sem a predação, sequer, a partir do momento em que alguém é privado da liberdade - que é sua - de pensar, de exprimir o que quer que seja, mesmo sem razão, estais ainda nos preconceitos, nos hábitos e nos princípios morais.

Assim sendo, buscar o Reino dos Céus que está em vós não quer dizer buscar, quer dizer ser. Não há mais nada a procurar, não há esforço a fazer. Se dá a impressão de esforço, é porque não se está a ser verdadeiro. Isto foi explicado: a via do sofrimento, a via dos véus e, ao lado, a via da Alegria. E isso não depende, repito, de absolutamente nada a nível do exterior ou do vosso corpo. Não é possível gerar Alegria, essa Alegria. Não se pode fazer batota com isso. Da mesma forma que não se poderia fazer batota com a vibração: ela existe ou não existe. O mesmo acontece com a Onda de Vida: ou foi vivida ou não foi vivida. 

Mas a nível da pessoa e da vossa vida, nada pode ser simples, sobretudo porque tudo está alterado e, para mais, tudo é falso. Como é que pode ser simples? Mesmo na opulência, há sempre qualquer coisa a que se tem de dar resposta, a que se tem de reagir, sempre qualquer coisa a empreender, a fazer. Mas sede mandriões, sede verdadeiramente mandriões. A mandriice é uma outra palavra para desaparecimento. Simplesmente, a diferença é que ainda há pouco tempo vós desaparecíeis de improviso, sem nada ter pedido. Hoje, não vos convido a desaparecer por vós próprios mas a ser mandriões no seio da pessoa.

E há-de-se ver que, mesmo que haja trabalho, ele se fará. Sem implicação da vossa parte. E assim, a Alegria será por vós mostrada e demonstrada a vós próprios e não de qualquer outra forma. Por mais numerosos que sejam os vossos conhecimentos espirituais, todos os textos conhecidos, todas a vibrações por vós vividas, podereis encontrar-vos sem Alegria, perguntando porquê, uma vez que a vibração é consciência e a consciência que se expande no supra-mental é Alegria. Pois aí está a prova que não. Há por aí alguns que ainda andam tristes. Mas é por estarem fechados em si próprios, nos seus preceitos, nos seus conceitos, crenças, ideias, hábitos, ilusões espirituais.

Para mim, “aceitar” (e para vós também - é verificar), é deixar a Vida operar. Dançar a Vida, não gesticular num palco de dança, hem, é captar o movimento primordial da Vida. É o movimento infinito do coração, a infinidade das potencialidades de manifestação sob todas as formas possíveis. E isto acontece, também, neste mundo, mesmo que falso. Porque, sem ele, não viveríeis a vossa vida. Assim, mesmo este mundo fechado e alterado está num estado de vida, isso não se pode negar. São as condições de vida que não são justas, os vossos hábitos, a necessidade de se precaver, de ter um tecto, uma mulher, uma profissão, uma conta no banco, um cartão de crédito, um meio de deslocação para obedecer às leis deste mundo, à moral, às regras, aos afectos, aos costumes, como eu disse. Mas que espécie de liberdade existe nisso? É certo que há uma satisfação pessoal, mas a satisfação pessoal é o quê? Ego, nada mais.

Enquanto não vos tiverdes entregado a vós próprios, entregado tudo o que é vosso à Luz, mesmo tendo todo o conforto, não podeis ser livres e, sobretudo, não podeis estar na alegria, note-se. Isto é vivido por cada um de forma diferente. Excepto aqueles que realmente estão na alegria, assim vivem todos neste momento. Cabe-vos escolher a via da Alegria, portanto, há que ser mandriões. Não se apoquentem nem com o fim do mundo, nem com a vossa abundância ou falta de dinheiro. Não se apoquentem com nada, sobretudo a nível da espiritualidade. Preocupem-se sim, se for preciso curar o corpo, sobretudo porque aquilo que se manifesta agora - a menos que a doença existisse já anteriormente - não passa da expressão de resistências segundo esquemas que vos foram explicados durante estes últimos meses. Primeiro a perna direita, em seguida algumas Portas, depois o aparelho circulatório, os órgãos dos sentidos... Na alegria, nada vos falta, mesmo que alguma coisa falte na vossa vida, porque já não sois a vossa vida, sois a Vida.

Eram estas as palavras que queria pronunciar na vossa presença; são tremendamente simples, estas palavras. Não fiz grandes discursos, apenas peguei no que ia chegando espontaneamente através do Verbo e do Espírito. Claro que as coisas tomam o seu colorido por aquilo que eu sou e não tanto pelo que vivi. De facto, esta coloração vem, naturalmente, das linhagens, das origens, dos hábitos espirituais, diria eu, desta vez. Mas estes não são nefastos porque estes hábitos espirituais a que foi dado o nome de origens estelares, linhagens, processam-se na Liberdade, na qual a questão de Liberdade nem se coloca, sequer, na qual a noção de morte não existe, nem mesmo a de nascimento, na qual apenas há a consciência livre que experimenta, que joga. 

Só que, como deu para entender, o jogo neste mundo, quando vivos, é um tanto difícil, para não dizer outra coisa; é claro para vós, como é claro para nós todos. Isto é vivido todos os dias, quando estamos encarnados, qualquer que seja o nosso enquadramento ou o nosso ponto de vista, até ao momento em que nos tornamos Vida, até ao momento em que aceitamos, até ao momento em que se está no Aqui e no Agora. 

Assim, com estas palavras avisadas, pelo menos assim espero, passo a desejar-vos uns bons ataques de mandriice, de aceitação e, sobretudo, de Alegria. A Alegria, como foi dito, é a prova da vossa liberdade; não estando em alegria, não sois livres, é tão simples quanto isso. Mas, sobretudo, não vos culpabilizeis. Sede honestos e vede-o com clareza; para além disso, e em primeiro lugar, testai-o, experimentai o que vos disse. Já disse, eu asseguro o serviço pós-venda. Porque tenho a certeza de que aquilo que eu disse vai, de certeza, funcionar.

Eu sou Osho e deixai que vos abençoe na dança da Vida. Na dança do coração, na imobilidade e no Silêncio. É a minha Teofania pessoal convosco. Ela é infinita e não depende nem de mim nem de vós.

...Silêncio...

Abençoo-vos e amo-vos; mais do que tudo, permanecei vivos. É um jogo.
Adeus.

 ***


Tradução do Francês: Maria Teresa Santos


PDF (Link para download) : OSHO - Julho 2017

16 comentários:

  1. Uma mensagem pra lá de encantadora, que mais pareceu um poema sem igual, dada a própria complexidade do tema, qual seja: viver verdadeiramente em meio ao que foi falsificado. O interveniente certamente que não poderia ter sido mais extraordinário, e aliás, a própria tradução foi irretorquível.

    Apenas para brindar tamanho encantamento, eis um parágrafo que já ilustra suficientemente toda essa grandeza:

    “ Recordais o que quereis defender no seio da Ilusão? O que é que há a provar no seio da Ilusão? Claro que há regras que estão ligadas à vida em si, à organização da vida. Esta é vista como falsa, falsificada, alterada, sem valor algum. Aquilo que tem dentro um valor é a Vida, não a vossa vida, mas a Vida. Então, de algum modo, é-vos pedido que vos torneis Vida mais do que sejais a vossa vida. Claro que, ao nível da pessoa, isso é intolerável, é mesmo uma tortura. Os vossos próprios hábitos, como foi explicado, são um inconveniente maior à Liberdade interior, quaisquer que eles sejam. Sejam hábitos espirituais, sejam hábitos puramente rotineiros, aliás. Acabai com isso. Segui a evidência, a facilidade. Segui o que vos parece mais leve e não o que é desejado. Para isso, claro, convém nada projectar. Convém que não se antecipe nenhum resultado. É preciso que se esteja na totalidade aqui, no coração, no instante presente, na aceitação, no Aqui e Agora “.
    .........
    Que o vosso momento do instante presente não tenha a cor de nenhum outro momento.
    .........
    Ficai na imobilidade e no silêncio do coração, lá onde a Vida dança, lá onde sois a Vida e onde já não sois a vossa vida.
    .........
    Sede egoístas. Não na essência da pessoa mas no coração, desse egoísmo que dá o coração a toda a gente como o mais precioso dos tesouros que nunca se esgota.
    .........
    No Amor nada há a resolver, na pessoa há coisas a resolver permanentemente.
    .........
    Sois Luz. Mas não podeis estar presos e ser Luz. Se estais presos, isso quer dizer que ides buscar a vossa provisão de Luz algures que não em vós; estais, portanto, no jogo das aparências, desta vez, espirituais.
    .........
    O vosso pior inimigo é a vossa melhor ajuda e, se alguma coisa for rejeitada, não podeis ser a Vida, permanecereis na vossa vida que não é Amor.
    .........
    Ah, claro, ninguém pode estar feliz quando se trata de certas privações, mas há que ver para lá da satisfação imediata.
    .........
    É preciso esquecer as palavras, esquecer os conceitos, esquecer os conhecimentos. Acolhei e, sobretudo, aceitai, e vereis.

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    1. Olá querido Manoel Egídio, plenamente em concordância consigo... extremamente encantador, de um vislumbre incontestável desse amado e maravilhoso "revolucionário" que é Osho.! Nada dele há exclusão, e sim, atenção amorosa em suas palavras do início ao fim...Irei contribuir com apenas um trecho, só para mais inspiração...mas não quero excluir nada do que nos transmitiu por ser impecável...pois é a Verdade...!!! Grata demais por essa tradução e suas colocações...!!! Marilene

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    2. Marilene, grato por suas ricas palavras, de grande consistência, onde reconhece a excepcionalidade da MSG. Agradeço também por suas gentis palavras.

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    3. Grata eu Manoel...ainda saboreio essa exuberante MSG...e com gosto.!!! 🌷🌿🌹

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  2. O vosso pior inimigo é a vossa melhor ajuda e, se alguma coisa for rejeitada, não podeis ser a Vida, permanecereis na vossa vida que não é Amor.
    .............................................
    É preciso esquecer as palavras, esquecer os conceitos, esquecer os conhecimentos.
    Acolhei e, sobretudo, aceitai, e vereis.

    --Minhas palavras agora, que vem do Verbo em sua fluidez: aceitação é a palavra-chave. Aceitar tudo o que se apresenta, sem se opor, aceitar o problema, uma ofensa que veio do irmão, um problema de saúde etc, aceitar nos conduz a imobilidade, e uma vez na imobilidade, pode-se ver as coisas de outro ângulo. Ser preguiçoso diante dos conflitos, e viver a Vida; ser espontâneo. As vezes, um irmão pode sentir vontade de fazer amor com sua esposa, e diz a ele mesmo: "eu não vou fazer isso, senão eu saio do Coração" e ele tem vontade e não faz, certamente, ele já saiu do Coração, pois não há leveza ou espontaneidade. Ele está numa festa, todo mundo bebendo cerveja, e ele com vontade, não bebe pois tem o receio de sair do Coração, então ele já saiu, já foi colocado obstáculos diante da Luz. Tem que ser a Luz o tempo todo, de que vc tem receio? Enquanto a pessoa tiver escolhendo entre o profano e o sagrado, ela está na escolha, está ainda a conduzir, ela não pode ser a Luz mesmo que ela vibre. É claro, isso não é uma regra válida a todos, se o corpo pede tal coisa, dê a ele, tal como BIDI explicou, mas não seja implicado por isso; aí está a leveza, a espontaneidade, há ausência de controle, o mental enfraquece, a Luz conduz o resto. É simples. Se a espiritualidade for uma norma, uma obrigação, ou uma aquisição; então a Luz não está no controle.

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  3. OHGLORIA! De fato OSHO, consegue nos atingir com uma clareza chicoteante. A beleza, a vida recuperada e vista com simplicidade do sabio matuto.
    ***
    Palavras chaves: aceitação e mandriice;

    "Sede mandriões; a aceitação virá por si. Ocupai-vos do que há a fazer, mas, mesmo ocupados, deixai de lado o sério. Sede leves, alegres, mesmo que as circunstâncias não sejam de forma alguma alegres - e, sobretudo, se elas o não são. Porque, ao recusar, recusais a Vida. "

    OHGLORIA, OHGLORIA, OHGLORIA!!!

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  4. Reservei estas palavras:
    "De que negócios pretendeis ocupar-vos? Quais são os vossos objectivos, agora mesmo, neste instante, imediatamente? Esse objectivo é visto como qualquer coisa que é preciso conseguir, conquistar, ou é vossa intenção largar tudo no presente instante e ver o que se passa? Se nada se passar, nada foi largado, é um álibi. Porque vos garanto que hoje, e quanto mais dias passarem, seja com as Teofanias seja com os acontecimentos que ocorrem na terra ou no céu, não haverá outra oportunidade para largar tudo, crenças e certezas. Mais uma vez, eu não disse que o vosso dinheiro era para distribuir ou que vos separásseis de quem quer que fosse."...... Grata Manoel...Marilene

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    1. Lindo destaque e contribuição, Marilene, onde esse ... "não haverá outra oportunidade para largar tudo, crenças e certezas", me chamou ainda mais a atenção.

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    2. Sim querido Manoel...a minha também...rsrs...grata pelo carinho 🌷🌿🌹

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  5. Libertador (e com vários 'puxões de orelha' providenciais, eu diria).

    Paz & Bem,


    Alexandre
    😉

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  6. Paz!!!
    Nosso amado OSHO de volta, para CONFIRMAR Anael: A ACEITAÇÃO É o AQUI e AGORA e desemboca, naturalmente, no Amor Incondicional, no próprio interior da pessoa. Não há lugar para a exclusão nem no Aqui e Agora nem na Aceitação. É assim que a Transparência mais facilmente se pode manifestar, viver e operar em vós.
    Acrescento: ACEITAÇÃO ABSOLUTA - tudo está bem em toda a Criação.
    Vida leve para todos!
    Inté...
    FatimaAurora

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  7. E, esqueci de destacar e agradecer a graciosa tradução, diria até poética. Maria Teresa estava cheia da Graça do velho Sábio.
    Grata, grata, grata!!

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  8. “Quanto mais espontâneos, mais aptos estais a acolher a Vida, mais verdadeiros sois, seja o que for que haja a resolver - a resolver na aparência, porque a resolução não é vossa.”

    Cada reencontro com Osho, é de “Alegria Saltitante” ... E diante desta Mensagem Show, com esta tradução extremada, também de Alegria, fica impossível, não permitir-se, ‘contaminação total’.....

    Aliviou creio, muitos ‘irmãos e irmãs’, diante de tantas liberações....

    Dance, dance, dance...

    Maravilhosa e Abençoada Leveza......

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  9. Eu diria que a aceitação é a consequência lógica do Aqui e Agora, pois estando aqui e agora, não dependeis de nada, nem do passado, nem dum pensamento, duma emoção, duma reacção, duma antecipação.
    ...
    A aceitação é o Aqui Agora e desemboca, naturalmente, no Amor incondicional, no próprio interior da pessoa
    ...
    permanecei vivos. É um jogo.
    Grato as tradutoras
    Rendo Graças

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